[...] E ainda nem tocamos nos copos de leite de Suspeita e Quando fala o coração. Nem no café com arsênico de Interlúdio. Nem no hadoque de Os 39 degraus. Nem nas costeletas de carneiro (um pouco cozidas demais) que Robert Walker comia em Pacto sinistro, bem antes de estrangular Laura Elliot num parque de diversões, enquanto ela saboreava um sorvete com a voluptuosidade de uma Messalina. Nem na ratatouille que Oscar Homolka devorava quando Sylvia Sidney o esfaqueou mortalmente em O marido era o culpado. Nem no garfo que precipita a cura de Gregory Peck em Quando fala o coração. Nem nas facas de Chantagem e confissão (Blackmail), O homem que sabia demais, Intriga internacional, O homem errado e Psicose. Nem nos ovos de Ladrão de casaca.
E que ovos! Um deles lambuzava uma vidraça, atrás da qual Cary Grant se protegia. O outro, bem, o outro estava bonitinho, fritinho, com a gema no ponto (sunny side up, como dizem os americanos), quando Jessie Royce Landis, a mãe de Grace Kelly no filme, apagava nele um cigarro. Foi um dos mais belos e surpreendentes planos que Hitchcock nos legou.
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