14.5.09

Os Ovos Misteriosos


Era uma vez uma galinha que todos os dias punha um ovo. E todos os dias vinha a dona, com uma cestinha, tirar-lho.
- Já pus 1000 ovos. Podia ser mãe de mil filhos. Mas não tenho nenhum por causa da gente gulosa. – cacarejou certa manhã a galinha. – Vou fugir.
Se bem o pensou, melhor o fez. Quando a dona entrou na capoeira, como de costume, esgueirou-se pela porta aberta. Só parou na mata.
Logo aí tratou de fazer o seu ninho com folhas secas, palhas, penugem, farrapos de lã. Nunca se vira ninho mais lindo, redondo, confortável. Sentou-se nele e pôs um ovo muito branquinho.
- Vou encher a barriga antes de começar a chocar, que aqui ninguém me traz de comer. – resolveu a galinha, afastando-se em busca de almoço.
Demorou-se, porque ali tudo lhe era estranho.
Quando voltou, qual não foi o seu espanto ao ver o ninho cheio de ovos de todos os tamanhos e feitios.
- Cocorocó… Que vem a ser isto? – disse ela. – Na minha capoeira tiravam-me os ovos, aqui oferecem-mos. Mas que sorte.
E logo se aninhou.
Daí por diante, a galinha mal saía do choco. Estava preguiçosa, sentia o corpo quente como uma botija. O tempo foi passando. Quanto, não sabia, porque não aprendera a contar nem se guiava pelo calendário.
Até que…crac! O primeiro ovo estalou e de lá saiu um bicharoco de bico retorcido...
Os Ovos Misteriosos - Luísa Ducla Soares, Manuela Bacelar (Plano Nacional de Leitura)

 

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